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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Agrotóxicos: dúvidas, evidências e desafios

O Instituto Nacional de Câncer abre suas portas para discutir grave problema de saúde pública: a relação entre agroquímicos e carcinogênese.

Falar mal de agrotóxicos soa um tanto clichê. Mas, se você acha que isso é coisa de natureba, bicho-grilo ou eco-chato, talvez seja hora de rever sua posição.
Afinal, não foram apenas ambientalistas impertinentes os que declararam guerra ao uso indiscriminado – e por vezes irresponsável – de agroquímicos em nossas lavouras. Instituições públicas de peso, a exemplo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), já afinaram os seus discursos para dizer à sociedade que agrotóxicos são, de fato, uma ameaça real ao equilíbrio dos ecossistemas e, principalmente, à saúde humana.
Eis que uma nova voz soma-se ao coro dos ‘insatisfeitos’. Dessa vez, foi o Instituto Nacional de Câncer (Inca) que, além de aderir à ‘Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida’, abriu suas portas para o 1º Seminário Agrotóxicos e Câncer, realizado no Rio de Janeiro nos dias 7 e 8 de novembro.
CH On-line esteve por lá e registrou na vídeo-reportagem abaixo alguns momentos e reflexões do encontro. O vídeo dá sequência à reportagem de capa publicada na Ciência Hoje em setembro passado, que trouxe à baila a generosidade do mercado brasileiro em relação a produtos tóxicos já banidos em diversos países.



Fatos recentes

Os últimos meses foram movimentados para os que acompanham a problemática dos agrotóxicos no Brasil e no mundo. Aproveitamos o ensejo para noticiar algumas atualizações:
1. Foi exesonerado o ex-diretor geral de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles. Ele vinha sendo um dos responsáveis pelo aprimoramento dos mecanismos de registro e controle dos agrotóxicos no país – e foi, aliás, um dos organizadores do seminário do Inca que apresentamos no vídeo acima. "Meirelles era uma pedra no sapato da indústria agroquímica", comentou um dos pesquisadores durante o evento. "É óbvio que sua exoneração foi motivada por interesses políticos e econômicos vinculados ao lobby dos agrotóxicos e do agronegócio", rumoravam os participantes. Aos fatos: ele teve sua assinatura falsificada – dentro da própria Anvisa – para facilitar a liberação de venenos agrícolas sem a necessária avaliação toxicológica. Denunciou a irregularidade, mas o imbróglio custou-lhe o cargo. Em carta aberta, Meirelles explica as tensões que contextualizam sua exoneração, dando a entender que a problemática dos agrotóxicos no Brasil é não apenas um alerta à saúde pública, mas também um assunto deveras distante da transparência.
2. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) lançou no dia 16 de novembro, em Porto Alegre (RS), a terceira parte do Dossiê Abrasco: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. A publicação, agora focada na interface entre os conhecimentos científico e popular, finaliza o ciclo dos outros dois dossiês lançados pela entidade este ano – o primeiro em abril, sobre o impacto dos agrotóxicos na segurança alimentar; o segundo em junho, analisando a relação entre agrotóxicos e saúde, ambiente e sustentabilidade.
3. O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) já se posicionaram em relação ao tema. Devido à avalanche de problemas trabalhistas e casos de intoxicação ocupacional, ambos os órgãos manifestam preocupações quanto às políticas de uso e comercialização de agrotóxicos no Brasil. Por isso, o MPT lançou em 2009 o Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, dedicado à discussão de estratégias para encarar os problemas ocupacionais e ambientais decorrentes do uso de tais produtos. Em tempo: nos dias 6 e 7 de dezembro, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro sediará o primeiro encontro anual do Fórum Estadual de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos do Rio de Janeiro.
4. Também aderiu à ‘Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida’ o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). A entidade recomenda que os nutricionistas mantenham uma postura crítica em relação não apenas ao consumo de alimentos contaminados com agroquímicos, mas também ao consumo de alimentos geneticamente modificados.
5. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) lançou em setembro um relatório alertando para os perigos da contaminação química nos países em desenvolvimento. A questão agrária é uma das preocupações do Pnuma, já que, segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos três milhões de pessoas são intoxicadas, anualmente, em decorrência do uso de agrotóxicos.
Henrique Kugler
Ciência Hoje/ RJ

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